Antes de mais nada


10 de mai. de 2011

Ode aos Sentidos

O silêncio soberano repousado
sobre os corpos cálidos e exaustos.
Mãos trêmulas, e a respiração
embalada por um ritmo ofegante.

Tato, contato...
Sinais, traços e expressões,
escritas e lidas como
se em braile fossem.

A fumaça mostrando os feixes de luz
penetrando por cada fresta,
curiosos, procurando ver o torpor
que reside naquele lugar.

A inércia dos corpos que esconde
a pressa da mente, que transcende,
quebrando as barreiras da percepção,
mostrando que o tempo
é um simples amante
da perfeição.

Roma

Se pudesse desistir,
empontar num rompante...
 
Mesmo não podendo,
sonhar sem honras...
 
Apenas com o olhar
depor o poder...
 
E deixar-se abater,
ser um rês.

9 de mai. de 2011

O À-toa, À Toa

Entoa o tom
o tal à-toa.
Talvez sem teto,
tem tato, todavia.

Tosse, toma o trago,
e tenta sem tormento
trabalhar o tédio,
tecer o entorno.

Torna a entoar o tom
e, em triste tango,
toca o traste,
o tal, à toa.

Palavras

Elas, que são a lembrança doce de algo que nunca ocorreu,
o batom escarlate que provoca, o surreal que entorpece,
a sede que não cessa até provar o sabor que vai além
dos limites do simples imaginar, a ânsia que nasce
dessa libido inebriante e literal...

As que sentem e querem sentir, o querer que me faz transpirar,
o abstrato da matéria, ardente e palpável, calor que dá vida,
dá cor, dá nome, transborda do meu devaneio banal...

Essas, que são como mãos acariciando meu peito,
descobrindo minha carne, embalando o desejo,
são o vestido mais sensual,
a pose mais instigante,
o mojo, o flerte,
o fato, de fato,
fatal.