Antes de mais nada


21 de dez. de 2020

Inocente

Sem devida atenção
Cruzou ela meu olhar
Não passou despercebida, 
Mas sem tal grandeza eu notar.

Instigava, atraía
Ainda que sem se explicar
Encantando sem se mostrar
Fisgando, no subliminar.

Saberia de tudo ela?
Do timbre que entorpece,
Gesto que à mente enlouquece,
Da voz que ao coração faz calar?

Não de expressão vetar,
Censurar, impedir de falar.
Não! Falo do silêncio avassalador
Reinando por fiel descrição lhe faltar.

E sem hesitar ou de si duvidar
Aceita, serena, dolosa missão
Matar-me de paixão,
Fazer-me delirar.

Vendada

Visão atada, 
do olhar fatal, desarmada,
entregue ao deleite 
de cada pupila
dilatada.

Tu não irás ver nada,
quem sabe ouvir minha risada,
enquanto teus lábios, em beijos 
roçarem minha carne,
em teu suor 
banhada.

Sentirás o toque, instigada,
da minha língua assanhada,
em cada palavra molhada
que em ti, sedenta,
deixares entrar.